terça-feira, 29 de junho de 2010

DO MEU AMOR PARA O MEU AMOR

MINHAS ÚLTIMAS LÁGRIMAS




Levei anos e anos tentando encontrar paz para minh’alma, e nessa busca incessante sofri muito com percalços que me vi obrigado a superar. A brandura tão sonhada, descobri que dura pouco, ou quase tanto quanto um suspiro apenas. Quantas ilusões perdidas e sepultadas em seguidos instantes. Quantos sonhos soterrados por apenas um ato, sem misericórdia, pisados e massacrados vejo desfilar por trás de mim, sem que os possa alcançar e tentar recuperá-los. Vã doidice de meu ego, morto, por agora águas passadas, me levam à dor e o sofrimento da saudade. Cai por devaneios, me sinto jogado ao solo e sem forças para me levantar. Caído fiquei e prostrado não posso me lamentar, pois, estou sozinho no esquecimento causado pela derradeira oportunidade de ser feliz. Sou desgostado por quem gostei, porque traído que fui pela minha própria ilusão, causando impacto de dor, visceralmente sentida, cuja latência não me permite sequer força para chorá-la. Sempre ouvi dizer que o amor constrói, mas, acho que a parafasia não deu tom adequado, ou deixou-se terminar em si mesmo. Talvez a doce ilusão de uma paixão, ou de querimento, quem sabe, não resultou no degrau da escada do amor, e perdeu-se por ali mesmo, na volúpia dos desejos, apenas, clareando por algum tempo a idéia da existência dele. Quantos momentos lindos e maravilhosos integram a essa objetividade. Encantamentos, digo eu. Mas, nada se compara com o amor solitário. Aquele dadivoso, crença e afirmação, de ser único quem sabe sempre destinado a quem não está próprio para recebê-lo. Assim, como o açoite escravo, que bate sem ter razão, esfola sem motivação, arrepia a tez, encaroçando-a até brotar gotas de sangue, dando aquele amargo que vem à boca. Conspiração das entranhas, mal súbito. O Coração se rebela, pulula cada vez mais, assim que se vai de encontro com a natureza daquele outro ser, que seria o alvo de toda grandeza do amor esperado. Qual o quê! Diriam alguns.Quem você pensa que é, para querer desejos a mais que os outros*. Porque, te abriste tanto assim, e, agora, despojado daqueles sonhos, resta caído, impiedosamente doente do corpo e da alma. Não há como negar, que a expressão cantada “foi um rio que passou pela minha vida”, dá o tom exato da mancha que resta do passado. Tudo se acresce neste momento. O Saldo não está só na dor, mas, em muitas outras pendências, que como, rabiolas penduradas no ego, balançam entre os olhos da imaginação. Creio que ainda, não se chegou ao fim, pois, há ainda esperança derradeira, quem sabe numa retomada, de alguma coisa que começou algum dia, em tempos atrás. Voltar às trilhas antigas, não é sinal de fraqueza, mas, de reconhecimento de estudos para fazer novo traçado para aquilo que não deu certo, por ter sido escolhida a via errada. Volto a dizer, existe o amor, e o amor existe! Ele está tão perto, que às vezes não sentimos seu bafejar, sua proximidade, e sua aparência, dependem apenas, de ajustarmos as coisas, e as pessoas. Coloca-las no lugar de onde jamais deveriam ter sido tiradas, porque estas “pedras” são irremovíveis, seus limos, as põem singularmente eternizadas e fadadas a ter só seu lugar. A vã tentativa de deslocá-las traz momentos de dores e angústias, traumas e sofrimentos. Aprendi que jamais se devem legar ao esquecimento tais induções, mesmo que aqueles, ainda que por gesto de amor assim proceda irá por certo, matar suas doces ilusões, o sonho de cada qual, cujo contexto, só aquele ego pode saber executá-lo ou exprimi-lo. Mesmo àqueles que se amam, pensa diferentemente, a simbologia de “alma gêmea” é puro sofisma. Do meu saber de vida tenho que a tolerância, a caridade e a generosidade fazem interação direta com o amor; penso que são peças importantes, ou parte dele, e quando algum desse foge ao colóquio das almas, rompe-se o mais sublime elo da ligação, e, cai-se para a divergência e ou desencontro, fazendo autêntico látego aos egos. Não pensem que sai desse flagelo, acoitado que ainda estou, pelo desengano, dor imensurável de meu próprio equivoco, por não ter antes entendido almas de natureza diversa da minha. Pago preço maior, pois, estendi uma grande semeação sobre terra infértil, despreparada para o ambiente e lugar onde sobreviveriam, mas, mesmo assim, fui pequeno demais para dar aqueles vôos maiores, arcabouço aquilo que sonharam, muito embora, não desejo exprimir outro sentimento que não de perdão. Sei agora o quanto vale o “perdão por amor”. Erros de uso inadequado. Consolidação de equívocos pelas normas de conduta e de aparência. Erros de transmissão e de adaptação. Tudo porque, na verdade não se cultivou a caridade e a tolerância, por absoluta falta de generosidade das almas envolvidas. Amargo fim, de rompimento, mas, fica a esperança de voltar-se ao ponto de onde nunca se deveria ter saído, porque ali, de pouco em pouco iria sim, se construir um castelo mais forte, sobre a rocha do amor, sem a fantasia do inesperado e do bucólico e do enigmático sistema de outras paragens, sem o devido fundo de cobertura a propiciar a resistência do novo lugar. Almas não “tão gêmeas”, ainda assim por esforço generoso das partes podem dar certo. É imperiosa a abertura da alma, e renuncia ao ego, numa intermitente dedicação, sabendo-se de antemão, que se trata de incansável serviço de doação pessoal. Por isso, minhas últimas lágrimas ao que foi e ao que esperava. Não posso negar que tentei dar minha contribuição para que essa minha alma fora de mim, fosse atendida nos meus limites de frágil pessoa, sofrida e angustiada para tentar em última e derradeira instância conhecer o estreito caminho da felicidade, mas, choro de pensar, que ela esteve bem perto de mim, e não pude abraçá-la e retê-la como coisa minha, porque ainda, como disse antes, não tive forças e sustentáculo para tal. Levo minhas últimas lágrimas, como se tivesse sepultando meus sonhos, os quais, enterro para sempre.-

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